Fundada
em 1921, o Conselho
de Grandes Sistemas
Elétricos (CIGRE
- Council on Large Electric Systems) é uma
associação internacional
sem fins lucrativos,
criada para promover a colaboração
de especialistas de todo
o mundo,
concretizando a troca de conhecimentos e a união de
forças para
melhorar os sistemas
de energia elétrica, atuais e futuros.
O
CIGRE conta
com mais de 2500 especialistas de
todo o mundo
que trabalham ativamente em
conjunto coordenados por 16 comitês de estudo. Seus principais objetivos são
projetar e implantar os sistemas de energia para o futuro e aperfeiçoar os
sistemas de potência existentes, respeitando o meio ambiente e promovendo o
acesso à informação.
Todos
os atores-chave em sistemas
de energia, ou seja, produtores, operadores do
sistema, fabricantes de equipamentos, agências reguladoras, laboratórios,
universidades e consultores trabalham
em conjunto e partilham conhecimentos para
produzir e entregar informação técnica de qualidade
e imparcial para
apoio às necessidades da indústria.
A
cada 2 anos o CIGRE realiza uma sessão geral. Sua 44ª edição ocorreu entre 26 e
31 de agosto deste ano, no Palais des Congrès, em Paris, França. O CIGRE reúne
mais de 3000 executivos e especialistas da indústria de energia elétrica de
todo mundo para melhorar seus conhecimentos, discutir novos desenvolvimentos e
inovações.
Participando
do Comitê de Estudo B5 – Proteção e Automação – do Cigre-Brasil, apresentei uma
contribuição brasileira para o Relatório Especial 1: Impacto dos Componentes das Futuras Redes na Coordenação dos Sistemas
de Proteção e Automação. Descrevo algumas impressões e constatações a
seguir.
Se
analisarmos a evolução dos sistemas de proteção e automação nos últimos anos
contatamos a aplicação de um grande número de novos dispositivos e tipos de
tecnologias. Essas aplicações ocorrem em diversos estágios dependendo do momento
de sua implementação. De uma forma geral, os dispositivos eletromecânicos foram
substituídos por dispositivos multifuncionais operando com enorme capacidade de
processamento e cada vez mais dependentes dos sistemas de comunicação.
A
indústria do setor elétrico, principalmente as subestações de energia, foi
inundada pelas novas tecnologias, necessitando cada vez mais de rapidez na
capacidade de resposta, maior eficiência e confiabilidade, além de serem
exigidos custos menores. Soma-se a esse cenário a disseminação do conceito de
redes de comunicação, exigindo novas soluções e novas habilidades dos
profissionais associados à engenharia de todo processo, desde o projeto até o
comissionamento das instalações.
Dos
trabalhos apresentados e das discussões realizadas podemos constatar que a digitalização
de todo o sistema de proteção e automação é uma realidade. Mas essa realidade
esbarra em limitações das empresas, sendo as principais a falta de domínio
tecnológico, a informação insuficiente sobre as aplicações dos novos sistemas e
novas tecnologias e, finalmente, a falha na capacitação da equipe técnica.
Sobre
a digitalização de todo o sistema, incluindo principalmente o barramento de
processo, pode-se constatar:
·
O barramento de processo inclui o uso
de:
o
Mensagens GOOSE (IEC 61850-8-1)
o
Mensagens de Comando (IEC 61850-8-1)
o
Mensagens de Relatório (IEC
61850-8-1)
o
Mensagens de Valores Amostrados
(Sampled Values - IEC 61850-9-2)
·
Novas aplicações de monitoramento da
condição de equipamentos (transformadores, buchas, etc.) são incorporadas e agregadas
ao sistema de proteção e automação através dos dispositivos de comunicação.
·
Todos os sensores estão disponíveis:
o
Sensores magnéticos (convencionais)
o
Transformadores de Instrumentos de
baixa potência, possibilitando eliminação de risco de explosão, melhora da
linearidade, aumento das escalas de medida, melhora da segurança da isolação e
procedimentos de teste,
o
Bobinas Rogowski, dentre outros.
·
Varias tentativas de aplicações
instaladas mostraram:
o
O uso de TC ótico e TP eletrônico
o
Aplicações de múltiplas funções
associadas
o
Utilização de múltiplos fornecedores
de equipamentos
o
Aumento do desempenho e da
confiabilidade
o
Necessidade de experiência e
conhecimento dos sistemas implantados
o
Necessidade de especificações
adequadas para o bom funcionamento do sistema.
Alem
dos itens descritos, a digitalização do processo permite:
·
Diminuição do número e tamanho dos
IEDs
·
Redução do cabeamento
·
Aumento da velocidade para:
o
Projeto e construção
o
FAT/SAT/Comissionamento
o
Restauração do sistema após falha
·
Desempenho frente à interferência
eletromagnética devido ao uso de fibras óticas no sistema de comunicação
·
Economia no sistema (redução de
custos):
o
Construção
o
Manutenção
o
Recuperação de falhas
O
desafio para o sistema de proteção e automação é idenficar a natureza das novas
necessidades de operação do sistema de energia e oferecer novas soluções
adequadas, sem esquecer os principios fundamentais que guiaram a operação de um
sistema seguro e confiavel. Isto requer uma mente aberta para as novas
exigências, capacitação dos profissionais e vontade de absorver as novas
informações e investigar as possibilidades das novas tecnologias.